" Entrei no box e bem lá debaixo liguei a água que correu gelada, doeu senti-la na pele, mas fez-me tremendamente bem.
Quase como se de repente acordasse de um estado latente, como se só aquele choque fosse suficiente para me ajudar a voltar a mim. Senti uma forte descarga por todo o corpo, um arrepio gigante e um pequeno grito saiu sem que o conseguisse prever ou controlar e depois uma gargalhada, sim voltei…
Fui amenizando a água, peguei na esponja cobri-a de sabonete de leite e mel e enquanto o passava delicadamente em cada pedaço de pele, era como se esse mesmo pedaço acordasse, rejuvenescesse, como se lhe devolvesse a doçura, o sentir, o cheiro, soube deliciosamente bem, aliás repeti a operação quase exaustivamente.
Água mais quente e fiquei ali a ver a espuma fugir pelo ralo e com ela toda minha melancolia, o frio de alma, a tristeza, a tensão…
Depois de um banho prolongado, relaxado, muito necessário e revigorante, estava pronta.
Saí do box, coloquei o creme hidratante, hidratei os cabelos, penteei-me e olhei para o pijama que tinha preparado para vestir… peguei nele e levei-o de novo para a gaveta… Tirei da gaveta a minha camisa verde de cetim, a minha companheira de noites, estava guardada religiosamente desde o ano passado, a noite estava fresca, mas a alma revigorada, a camisa de noite era o que combinava com o meu estado e senti-la deslizar pelo corpo, e sentir o toque do cetim na pele, e olhar-me ao espelho, e ver-me linda…hummm.
Coloquei um pouco de perfume… a Ana Luíza de que gosto, a que eu sou, com tudo o que tenho a mais ou a menos, com todas as angústias e decepções, com todas as alegrias e sorrisos, eis-me de novo! "