quinta-feira, julho 26, 2007

MUNDO PARTICULAR ***

"Conversando com as paredes do meu mundo de quatro lados, escutei respostas-eco que depois de um tempo me fizeram sentido. Nelas não encontrei a paz, nem o aconchego esperado, mas pelo menos escutei algumas palavras, o que me lembraram que ainda vivo.
Levantei as teias de aranha, retirei metade do pó que me envolvia e resolvi enfrentar o sol tanto observado por mim pela fresta do medo. Caminhei cambaleando e titubeando os trapos ao meu redor, tentando equilibrar-me na corda bamba da fronteira em que me encontrava.Frágil e fortalecida abri os portões e soltei as amarras que me permiti usar.Um pequeno incômodo na visão e no olfato. Cheiros cotidianos passaram a ser estranhos e durante um minuto – acredito eu – passei a observar novamente o espaço que me permitir afastar e de repente a primeira baforada.
O vento quente só me trouxe a constatação que nada havia mudado mesmo me mantendo absorta de tudo por tanto tempo. As coisas não haviam alterado suas posições e pareciam tão empoeiradas quanto eu. A curiosa cor desbotada da vida havia se expandido para além do meu mundo e transformado o mundo que havia deixado.Não sentia falta dele. Já não mais me pertencia. Nem sequer me pertenceu.Eram apenas amontoados de coisas pretas e brancas, sobreposta com coerência que não me fazia falta.Refleti. Acreditei por alguns segundos que aquilo acontecia pelo tempo despendido fora daquela realidade. Porém, com a segunda cortante baforada disse a mim mesma que não, ele não me pertencia!!!
E o meu mundo construído nos quatro lados iguais só precisava de uma limpeza. E pensei em voltar e me embrulhar com as teias e continuar enxergando a luz através da fresta.Mas os cheiros comuns e as cores, mesmo que desbotadas, e aquela luz - ah! aquela luz! - completa! Eles me fizeram prosseguir, retiraram os cortes dos meus olhos, o ocre do meu nariz e a paralisação das minhas pernas.
Toquei... experimentar... cheirei... provei novamente do velho incomum da vida deixada para trás. Não me contentei, mas senti que não poderia viver sem e com aquilo.Movimentei-me mais e percebi que é necessário andar adiante e que sim, surgirão novos cheiros, gostos, toques e caminhos.Cambaleei com a terceira baforada de horror e cacos se formaram entre os dedos. Mas não desisti do que sentia falta.Segui em frente e sigo, mesmo que baforadas mil me abalem e me façam pensar novamente no conforto e comodismo das teias de aranha e no pouco brilho que a fresta me oferecia."

quinta-feira, julho 12, 2007

Faz-de-conta...

Faz-de-conta...
Que tudo foi mentira
Que nada daquilo foi amor
Que como veio foi embora
Que eu não senti essa dor.

Faz-de-conta...
Que tudo foi passado
Que nada existiu
Que lágrimas não rolaram
Que você não viu.

Faz-de-conta...
Que não mais te quis
Que nunca te desejei
Que foi sonho de criança
Que jamais te amei!!!

sábado, julho 07, 2007

Um "T" me meio a um "A"

"Rotação em movimento de translação na velocidade da luz, foi o que ele me fez sentir naquele momento insalubre em que me falou as três palavras mais temidas na face da terra: Eu te amo!!!
Os parcos segundos que levei para abrir meus olhos, novamente, se tornaram minutos intermináveis. Tudo que nós tínhamos vivido... e aquela conversa tola sobre o quanto o clima mudou, não fazia o menor sentido, ou até fazia, sei lá. Abri os olhos, olhei, toquei a toalha, passei os dedos pelo telefone e respirei fundo até encará-lo.
Não sei quanto tempo passei naquele estado, mas foi pior do que qualquer gole de absinto que tomei, ou qualquer outra droga alucinógena existente na terra. E ele sorriu. Ele esperou pela resposta que queria ouvir... e senti a impaciência e a ansiedade e a insegurança. Porque ele sabia que não ia ouvir e sabia que nada ia ser como ele gostaria que fosse.
Eu não pulei em seu pescoço, não ri, nem pedi desculpas por não amá-lo ainda ou falei aquelas umas deslavadas e coringas frases para sair de situações saia-justa como aquela. Eu emudeci, desejei estar bebendo algo que tivesse o copo bem cheio… cheio de algo com teor alcoólico 600 ºC e tivesse coragem de dizer “Eu te amo”, também, porque sim, eu o amei.
Mas não!!! A história de nós dois me calou. As controvérsias de minha vida me impediriam de pular em seu pescoço. E as circunstâncias daquele lugar e o calor que eu sentia, que não é mais o mesmo do início, me impediram de rir. E desculpas??? perdão??? Para quê??? Para quem???Para mim mesma. Por não ter dito, o que queria e por ter dado ouvidos e visão a um passado que ressurgiu em uma piscada de olho interminável. "

segunda-feira, julho 02, 2007

Beto!!!

" Um calafrio me percorre a espinha. Mas o que é isso??? Nem frio hoje está, ao contrário de ontem- inverno nos trópicos. A mão percorre a nuca. Nunca senti algo parecido...
Minhas pupilas se dilatam. Ou não??? A vista se embaça. À vista você. Mas o que é isso??? O que é isso que me ocorre??? Um calor luta com o frio do meu corpo, das minhas mãos. Elas suam. Meu coração soa como um bumbo. Ouço sinos.
Mas não são seis horas. O que é isso??? Está certo...
Não te falei o que queria. Era muita informação, não deu tempo, deu branco. Sinto muito por mim mesma. Você derramou em palavras todas as suas intenções sobre mim. E é isso que me mantém escrevendo agora e escutando músicas bestas, melosas, com rimas pobres, essas mesmas que sempre combato com pose de pseudo-intelectual.
Você me quebrou. Me partiu. Cadê o meu chão??? Onde está a saída???

Por que também não joguei toda a responsabilidade de meus sentimentos em você??? Por que me guardei, me fiz de forte??? De que vale todas essas sensações pelo meu corpo se não consigo exprimi-las para quem mais gostaria??? A distância nos separa...Os livros me chamam.
Não entendo... Por que fugi??? Eu não vou saber te...
Fecho os olhos, vejo você. Durmo... Sonho... E depois daquela noite...
Você!!! Os livros, os livros... Eu tenho responsabilidades, sabia?
Me deixe fazer meu trabalho. Eu preciso crescer.
Não, você não me mina. Você me estimula. Eu cresço também por você. Porque eu sei que posso, que posso ser melhor.Estava tudo tão bem antes de tudo aquilo. Por que me lembrar de suas palavras se não reagi diante delas??? Por que trazer a dúvida??? Algo queima... mas está frio!!!
É preciso fechar definitivamente essa porta. "